Signs Nordeste - MaquintexNOTÍCIASTêxtil Economia circular têxtil para eliminar resíduos e poluição

Economia circular têxtil para eliminar resíduos e poluição

A Europa tem a oportunidade de usar o Estratégia Têxtil, que será publicado esse ano, para construir a sua história de fabricação de têxteis e mudar para uma indústria mais sustentável, beneficiando cidadãos e o meio ambiente, escreve Valérie Boiten.

Valérie Boiten é diretora sênior de políticas para economia circular e têxtil na fundação Ellen MacArthur.

É difícil imaginar um mundo sem têxteis. Desde as roupas que usamos aos lençóis em que acordamos – nós estamos em contato com tecidos quase o tempo todo. O setor têxtil, o que inclui a indústria da moda, é marcado por altas taxas de utilização e baixos níveis de reciclagem, levando uma pressão substancial cada vez maior sobre os recursos.

Em média, cidadãos europeus descartam 11kg de têxteis por ano, sendo que as peças de roupas normalmente são usadas apenas 7 ou 8 vezes. Ao mesmo tempo, o mercado europeu registrou um forte aumento nas vendas de roupas nas últimas duas décadas, com um salto de 40% em peças de roupas compradas por pessoa.

Ambos os crescimentos têm a ver com o fenômeno “fast fashion”, com respostas mais rápidas de novos estilos, aumento do número de coleções e, muitas vezes, preços mais baixos.

Para produzir fibras e tecidos a indústria têxtil atual depende amplamente de recursos não renováveis, como petróleo utilizado para produção de fibras sintéticas, fertilizantes para cultivar algodão e produtos químicos para produzir corantes, e acabamento de tecidos.

Até 87% da entrada total da fibra é, em última análise, destinada para aterros ou incineração, com uma quantidade significativa de fibras e microfibras vazando para o meio ambiente. Nosso sistema econômico linear falha em captar o valor inerente de nossos produtos e materiais, incluindo toda a criatividade, recursos, mão-de-obra e energia que é utilizado para eles.

É um sistema de desperdício que pressiona os recursos, polui e degrada o meio ambiente e cria impactos sociais negativos. À medida que a demanda por roupas e tecidos para o lar aumentam, a trajetória atual da indústria tem consequências catastróficas.

Uma nova economia têxtil

Nos últimos anos, a visão de economia circular ganhou força entre os líderes industriais e legisladores. Sessenta e seis empresas fazem parte da iniciativa “Make Fashion Circular” da fundação Ellen MacArthur, e 72 marcas líderes, fabricantes e fábricas de tecidos estão utilizando nosso “Jeans Redesign Guidelines” para produzir jeans circular.

O propósito do nosso trabalho é construir um sistema que mantenha os materiais com o máximo valor enquanto regenera o meio ambiente. Na economia circular, produtos têxteis são usados mais vezes e são feitos para serem reaproveitados, para que possam ser reutilizados, refeitos e, por último, reciclados.

Os materiais usados para produzir têxteis são seguros para a saúde das pessoas e do meio ambiente e são retirados exclusivamente de matéria-prima recicladas ou renováveis produzidas através de práticas de conservação.

O Comitê Europeu anunciou uma estratégia da União Europeia para têxteis, para ser lançada este ano, e irá abordar os impactos negativos do sistema atual. Uma estratégia europeia pode oferecer um caminho comum para a indústria e todos os investidores relevantes, do linear ao circular. Construir uma economia circular significa projetar melhores produtos e serviços.

Novos modelos de negócio que melhoram a usabilidade de produtos podem fortalecer a capacidade de produção europeia, ao mesmo tempo em que cria oportunidades de empregos locais, não apenas em produção mas também em revenda, aluguéis, reparos, classificação, reciclagem e indiretamente em limpeza e logística.

Uma estrutura política para desbloquear uma transição sistêmica

Quatro elementos são a chave quando se projeta uma estrutura política eficaz para criar uma economia circular têxtil, direcionando em maior ou menor escala.

  • Incentive o design de produtos de alta qualidade, durabilidade e recicláveis.

Embora mais e mais líderes de mercado tenha começado a implementar os princípios do design circular, uma abordagem mais harmoniosa é necessária para mobilizar inovação e entregar a mudança necessária em escala industrial.

A estratégia têxtil europeia pode definir a estrutura abrangente para o design circular em têxteis, incluindo incentivos para eliminar gradualmente as substâncias preocupantes, reduzir radicalmente o vazamento de microfibras na água e na atmosfera, e priorizar materiais renováveis e recicláveis na produção.

Essa estrutura pode orientar as decisões de compra de órgãos públicos quando compram roupas de trabalho e outros artigos têxteis profissionais. É importante ressaltar que poderia estabelecer as bases para o desenvolvimento de requisitos mínimos de design e informação no âmbito da Iniciativa de Produtos Sustentáveis, aplicáveis a uma ampla gama de produtos no mercado europeu.

Inspiração para a aparência de um “bom design circular” em um nível de produto pode ser encontrada no Jeans Redesign Guidelines da fundação Ellen MacArthur, que estabelece critérios mínimos em durabilidade, integridade do material, reciclabilidade e rastreabilidade do jeans.

  • Promova o desenvolvimento de modelos de negócio e sistemas de gestão de recursos que mantenham os têxteis circulando.

Ao implantar novas infraestruturas, alinhar os sistemas de coleta, alinhar os padrões para apoiar o mercado de materiais secundários e prevenindo o descarte de têxteis em aterros ou incineradores, a estratégia têxtil europeia pode atingir um valor econômico significativo e criar novas oportunidades de negócios na circulação de produtos têxteis.

O aumento da reciclagem de fibras também pode ajudar a mitigar os impactos na mudança climática: ao reduzir a dependência do setor em recursos virgens, as emissões de gases de efeito estufa podem ser reduzido e a indústria poderia economizar cerca de 53 bilhões de metros cúbicos de água que são utilizadas anualmente na fabricação de têxteis comprados pelas famílias europeias.

Combinado com um esquema de Responsabilidade do Produtor, o financiamento para operações em escala na coleta e classificação pode ser garantido ao longo do tempo e vinculado a objetivos específicos da economia circular, estabelecidos em colaboração com os participantes da indústria que contribuem para o sistema.

  • Alinhe os incentivos e o ecossistema mais amplo em que operam as empresas têxteis

Modelos de negócio circular estão fazendo incursões na economia linear e foram além da prova de conceito. O mercado de segunda mão, atualmente avaliado em $24 bilhões, deve crescer para mais de US $50 bilhões até 2023.

O desafio que enfrentamos é integrar a economia circular e transformá-la em escala. Agora é o momento oportuno para a UE estimular o mercado de modelos de negócios circulares e abordar as barreiras regulatórias que podem estar retardando sua adoção.

Por exemplo, atualizando as estruturas contábeis, investindo em habilidades e capacitação e criando critérios para o fim do desperdício para têxteis usados para permitir o comércio de materiais.

  • Evite a fragmentação da política

Enquanto buscamos reconstruir a partir do impacto da pandemia de COVID-19, uma abordagem integrada, alinhada em torno de objetivos das políticas em todos os setores e contextos locais, abre oportunidade para transição em escala.

Isso envolve reduzir os impactos desde o início, através da mudança em como os produtos são projetados e produzidos, até o fim, através da construção de sistemas e infraestrutura para manter os materiais em circulação. Em paralelo, esforços para criar incentivos econômicos, permitir investimentos e reduzir os custos de mudança através da colaboração público-privada, irão ajudar a criar uma correção sistemática.

Com a estratégia têxtil, a EU tem a oportunidade de construir sua herança de produção têxtil e a tradição de qualidade e alto valor agregado aos produtos. Ao entregar benefícios de mercado para a sociedade, a economia circular têxtil pode oferecer um icônico diagrama de mudança estrutural.

 

FONTE: EURACTIV

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