Novo uniforme da Marinha reduz em até 76% queimaduras de militares
O uniforme azul com a qual membros de todos os escalões da Marinha do Brasil aparecem tanto em ações operacionais quanto em eventos oficiais apresenta, entre suas fibras, uma tecnologia revolucionária, capaz de resistir ao fogo e ao arco elétrico. E é muito mais confortável e segura do que as versões anteriores, feitas de algodão.
Chamado de Conjunto Operativo, a roupa de proteção é feita com a fibra Nomex®, material produzido pela DuPont que é extremamente resistente às chamas. Esse material, por exemplo, também é utilizado na proteção de militares da marinha americana e de astronautas da NASA.
“Dentre os diversos perigos existentes nas atividades diárias dos militares da Marinha do Brasil, o risco de sofrer graves queimaduras resultantes de incêndios a bordo, de serviços elétricos e de outras atividades operacionais é bastante elevado. O uso desse novo Conjunto Operativo não só aumentou o grau de proteção desses militares, como também o conforto”, afirma Marcelo Fonseca, líder do segmento de Defesa da DuPont para a América Latina, oficial da reserva e mestre pelo Instituto Militar de Engenharia, em Ciências de Materiais.
Os testes do novo uniforme, chamado de Nomex® Essential Arc 650, foram concluídos no segundo semestre de 2019 e o Conjunto Operativo foi aprovado para uso na Marinha do Brasil devido ao alto desempenho frente ao algodão. Em um dos ensaios, os uniformes foram vestidos em um manequim monitorado por sensores e submetidos a chamas por segundos.
“A diferença da proteção é brutal. O macacão de 100% algodão protegeu apenas 15% do corpo, deixando o restante com bastante queimaduras de segundo e terceiro grau. O Nomex® Essential Arc 650 protegeu 80% do corpo, além de só deixar queimaduras de segundo grau. É uma redução de 76% da área de dano, sem contar a menor gravidade dos ferimentos. Diferenças como essas salvam vidas”, afirma Fonseca.
Empresa e Produto Estratégico de Defesa
Esse incremento do nível de tecnologia têxtil de proteção na Marinha foi possível graças a uma parceria entre a DuPont, que fornece o tecido, e a BDS Confecções, empresa amazonense que produz as vestimentas e que é a primeira EED (Empresa Estratégica de Defesa) na área têxtil/confecção do país utilizando produtos Nomex®.
“As novas vestimentas da Marinha do Brasil têm o selo PED (Produto Estratégico de Defesa), ou seja, foram desenvolvidas com aprovação do Ministério da Defesa, em regime de cooperação tecnológica”, afirma Fonseca. “É um projeto pioneiro entre as Forças Armadas do país para a utilização da Lei de Fomento à Base Industrial de Defesa na busca de produtos com vocação nacional, com custos menores, sustentáveis e de alta qualidade.”
Outra mudança nos uniformes foi a introdução do conjunto composto por gandola e calça, que substituiu o macacão: a modificação permitiu melhor caimento, mais flexibilidade à movimentação no trabalho nas embarcações e em outras áreas, bem como otimização nos custos, uma vez que, em caso de avaria, só uma das peças precisa ser substituída.
Além disso, o Nomex® é uma tecnologia inerente, ou seja, as moléculas que o compõem são inerentemente ignífugas, o que significa que protegem, não importando o número de lavagens. Vestimentas quimicamente tratadas, ou de algodão, podem perder a proteção de forma gradativa com a lavagem indiscriminada.
Por fim, os tecidos de algodão têm, em média, gramatura (peso) maior do que os de fibras inerentes, diminuindo o conforto do usuário. Já as fibras sintéticas inerentes têm estrutura química que provém mais resistência mecânica ao tecido, quando comparadas aos de algodão, o que garante maior durabilidade e redução no custo com novas aquisições. Isso, aliado à proteção inerente, garante a proteção completa enquanto a vestimenta se mantém íntegra, não importando o tempo de uso.
Fonte: Defesa Aérea e Naval