Febratex Conecta 2022: o match entre a indústria têxtil e a circularidade
Eu sempre gostei de moda, mas não a ponto de estudá-la, de saber tendências, de ter interesse em modelar, costurar ou ser conhecedora a fundo de marcas. Sempre fui e continuo sendo uma consumidora antenada em comprar o que faz-me sentir bem. A moda que eu visto transmite o meu estilo e o meu momento. Posso dizer que reinventei-me e que gosto dessa constante evolução.
Passando essa breve introdução, volto ao tema principal que motivou-me a escrever esse artigo: falar sobre a importante conexão entre a moda e a indústria têxtil, invisível aos consumidores.
Tudo o que vestimos e usamos de roupas e têxteis depende de uma cadeia produtiva gigantesca, onde plantadores de algodão, fabricantes de fios, fabricantes de malhas e tecidos, tinturarias, confeccionistas e todo o processo industrial produzido não têm a visibilidade que poderiam e deveriam ter, tamanho o envolvimento com o resultado do produto que cada um exerce. Essa relação entre a indústria têxtil, moda e consumo é muito defendida por iniciativas valiosíssimas e que merecem todo o reconhecimento.
No entanto, o que eu percebo, como consumidora, é que essa informação orbita aos profissionais que a defendem, fazendo com que não seja compartilhada para entendimento claro do homem médio (adoro esse termo do direito). Às pessoas comuns, que compram para consumo próprio ou de terceiros, não chegam as informações que transparecem a cadeia têxtil que produziu o seu bem de consumo.
Ao meu ver, quem fala sobre isso enobrece mais o seu próprio processo ou produto, entendendo que basta fazer a sua parte. Precisamos lembrar que estamos falando de uma corrente, de elos inseparáveis que devem ser coordenados numa linha só para que, ao final do processo, desenvolvam um produto completo e transparente. E essa visão altruísta, de colaboração, inevitavelmente, passa por uma boa gestão de pessoas e processos.
A primeira pessoa do mundo que eu ouvi defender a união da moda com a indústria têxtil – e como sempre uma das mentes mais visionárias que eu conheci – foi o meu irmão, Hélvio Madeira.
Desde 2007, pelo menos, eu lembro dele afirmando que a moda deveria unir-se à indústria têxtil e que uma tem mais valor se associada à outra. Ele também dizia que os nossos eventos deveriam levantar essa bandeira e que éramos o canal ideal para transmitirmos essa mensagem.
De fato, realizamos eventos com esse propósito mas, à altura do início dos anos 2000, ouvíamos muito dos industriários que assuntos relacionados ao consumo, comportamento e até sustentabilidade não eram convenientes ao setor industrial. E estes eram e são nossos clientes diretos, por isso seria difícil avançarmos muito sem apoio. Mesmo assim, seguimos investindo em projetos paralelos e propagamos a informação criada pela indústria aos profissionais têxteis, especialmente, aos confeccionistas.
Pessoalmente, também fui buscar esse entendimento, ouvi mais, participei de seminários, mas cada vez mais percebia uma comunicação muito comercial ou restrita. Saindo do mundo industrial, acessível a mim através das feiras, eu continuava a perceber uma distância muito grande entre o que via no shopping e o que via na feira.
Saindo do mundo industrial, acessível a mim através das feiras, eu continuava a perceber uma distância muito grande entre o que via no shopping e o que via na feira. Enquanto as lojas apresentavam coleção e produto final, as feiras industriais expunham inovações tecnológicas objetivando produzir mais. Ou seja: a conexão entre moda e indústria têxtil era, ao meu ver, roupa e quantidade.
Nenhum consumidor final queria saber e também não era informado sobre o longo caminho e a imensidão de pessoas e empresas que trabalharam na indústria para que a peça final estivesse lá, lindamente, pendurada na vitrine.
Por todo esse cenário de falta de comunicação assertiva sobre o valor do processo industrial e o produto disponível ao cliente final, entendemos importante realizar o Febratex Summit, evento de conteúdo da Febratex que apresentou pessoas e empresários reais que experimentaram a transformação e compartilharam os seus erros e acertos aos visitantes. Foi um lindo evento, acessível e democrático, que me orgulho muito de ter participado da coordenação e que vai acontecer, novamente, em 2022.
Temas relacionados à digitalização, sustentabilidade, economia circular, transparência e internacionalização foram apresentados mais do que oportunamente, foram assuntos estratégicos que contribuíram para ajudar-nos a enfrentar a transformação existencial trazida pela pandemia neste ano, cenário, absolutamente, diverso do vivido em 2007, quando o Febratex Group iniciava a sua jornada na busca pelo desenvolvimento econômico e sustentável da indústria têxtil brasileira.
Muita coisa mudou e não vamos parar por aí. Cada vez mais rápido seremos obrigados a aceitar o novo, e ainda bem que seguimos inovando e aceitando os desafios como oportunidades de crescimento.
Hoje, evoluímos ainda mais nossos projetos e conseguiremos apresentar nas nossas feiras, além de um conteúdo altamente selecionado, o resultado que as máquinas trazem ao mercado e perguntas que não querem calar poderão ser feitas, pessoalmente, pelos nossos visitantes, tais como:
O que produzem? Qual matéria-prima foi utilizada? Quem produziu? São empregados com direitos trabalhistas protegidos? Onde foi produzido? São produtos importados? De qual país? É produção 100% nacional? Para onde vão os resíduos têxteis? Quem certifica isso tudo?
Essas respostas, certamente, contribuirão para valorizarmos a nossa indústria e colocarmos o Brasil como um grande fornecedor para o mundo de produtos têxteis em grande escala, com excelente qualidade e que respeita os direitos ambientais e sociais.
Nossos expositores serão os protagonistas no desenvolvimento de um círculo virtuoso e sustentável para a cadeia produtiva têxtil do Brasil.
Seja bem-vindo, Febratex Conecta, o mundo têxtil estava à sua espera!
Giordana Madeira
Diretora Executiva do Febratex Group
Para saber mais sobre como sua empresa pode participar do Febratex Conecta, entre em contato pelo e-mail comunicacao@fcem.com.br ou WhatsApp (51) 99262.9048.