Polo têxtil de Americana: veja por que é tão importante para a economia do Brasil
O que seria da sociedade atual sem os tecidos? São as roupas que aquecem e dão uma sensação de segurança, bem-estar, conforto e expressão a todos nós. Com isso, pode-se afirmar que a indústria têxtil é um dos setores mais importantes do país — não só em termos sociais, mas também em quesitos econômicos.
Americana, município da microrregião de Campinas que detém o maior polo da indústria têxtil do país, contribui bastante para esse cenário. A cidade é composta por mais de 600 empresas e produz cerca de R$ 4 bilhões anualmente, sendo que 31% de suas empresas são voltadas para fibras químicas.
Quer saber mais sobre o polo têxtil de Americana? Então, continue conosco e conheça a história do polo, as principais empresas da região, entre outras informações que você precisa saber sobre o assunto!
História do polo têxtil de Americana
A história têxtil de Americana se iniciou em 1866, com a chegada do norte-americano, o coronel confederado William Hutchinson Norris nas terras chamadas de Santa Bárbara. Norris ficou perto do Ribeirão Quilombo e deu início a plantação de algodão. A terra era fértil e apresentava uma ótima habilidade na lavoura, assim a plantação se tornou referência na área em pouco tempo, chamando atenção de outros americanos empenhados em plantar algodão, conhecido como ouro branco.
O ano de 1875 foi muito importante para a pequena vila que surgia. A inauguração da Estação Ferroviária da Companhia Paulista contribuiria para a escoação do cultivo de algodão e melancia para todo o estado de São Paulo e reforçaria a autonomia da Villa dos Americanos de Santa Bárbara.
O segundo momento de grande importância ocorreu a três quilômetros daquele lugar, com a inauguração da primeira Indústria Têxtil de Carioba, criada pelos irmãos Antônio e Augusto Souza de Queiroz e o americano William Pultney Raltson. Em 1884 a indústria foi comprada pelos ingleses Jorge e Clement, que também é dono da fazenda de Salto Grande, mas a fábrica foi fechada em 1896 por causa das dívidas adquiridas pelos irmãos, após a abolição da escravatura.
A fábrica ficou fechada em torno de seis meses até ser comprada em um leilão em 1901, pelo comendador Fraz Muller. A família Muller se mudou para Villa Americana no próximo ano, dando um novo rumo para a tecelagem e uma nova direção econômica para a pequena vila. Novas estratégias de trabalho e tecnologia foram inseridas, a vila operária aumentou para ser capaz de abrigar seus colaboradores, sendo que a maioria era imigrantes italianos.
Em torno de 1904, sob o comando de Rawlison Muller e Cia, a empresa de tecidos se tornou a segunda mais importante do país. O bairro Carioba foi o primeiro, no Brasil, a receber saneamento básico e asfalto, antes mesmo da Villa Americana. Em 1907, a roda d´água deu lugar a uma usina hidrelétrica que se fez responsável pelo abastecimento de energia tanto da fábrica como de algumas cidades presentes nas redondezas. Carioba era formada por quatro grandes empresas de tecido e seguiu próspera nas mãos dos filhos Hermann Muller até 1940, quando a família precisou vender as instalações a J.J Abdalla por causa da perseguição aos alemães em solo brasileiro, durante a Guerra Mundial. Carioba finalizou suas atividades em 1976.
No ano de 1921, Cícero Jones e Hans Schweizer levaram para Americana os primeiros teares para a criação da seca. Eram 12 teares trazidos da Suíça e montados em barracão na rua 30 de Julho. Jones e Schweizer foram os primeiros no ramo de tecido na área central de Villa Americana e os primeiros a criarem seda, contribuído para a variedade da indústria. Após o falecimento de Jones, a indústria ficou dois anos sem produzir até ser vendida para os irmãos Giuseppe e Bertoldo.
Nos ano de 1930 as fábricas têxteis começaram a aumentar. Com a perspectiva de melhorar a renda familiar, muitos colaboradores da indústria se aventuraram a comprar até dois teares e fabricar em casa. A atividade cresceu de forma significativa a partir de 1940 motivada pelo reduzido gasto da produção do tecido, com a inserção, em larga escala, dos fios artificiais (náilon e viscose) criados pela Fibra S.A., principal exportadora e produtora desses fios na América Latina. A Villa Americana ficou conhecida com o maior centro de produção de tecidos da América Latina durante esse período.
O avanço da área têxtil do setor de tecido em Americana chamou atenção de outras grandes empresas para seu território, como a Polyeka S.A. Indústria Química e Têxtil, em 1972. A organização inovou o parque industrial com a introdução dos fios sintéticos, ou seja, o poliéster. Nos anos seguintes, chegaria à empresa de Tecidos Tatuapé, do Grupo Santista, outra importante organização do setor que ainda se mantém firme nos dias atuais. Desse modo, o polo de Americana concentrava todas as grandes empresas do ramo de tecido em seu território, eliminando a compra de insumos fora do município.
Na década de 60 ocorreu a Feira Industrial de Americana, a primeira feira de tecido acontecida no estado de São Paulo. Então, era a cidade com maior importância no ramo têxtil, porém era necessário criar um evento capaz de prospectar o parque industrial no município a nível nacional.
O sucesso do evento foi tão grande que se tornou uma entidade de promoção da indústria e produtos locais. O local foi berço para outros importantes eventos sociais. Em 2017 foi criado o Centro Cultural e Científico da Moda, um local direcionado à pesquisa de novas tendências do setor têxtil e eventos específicos para empreendedores, em parceria com o Grupo Arena Bureaux. Nesse sentido, é importante destacar que o Centro de Moda consiste em um ponto de informações para as empresas de tecidos que procuram inovação e diversidade em suas peças.
Um panorama do setor nos dias atuais
Com a grave crise econômica brasileira ocorrida nos últimos anos, a área têxtil passou por um grande declínio, que faliu vários empresários e enfraqueceu negócios de grande renome. Porém, houve uma considerável recuperação a partir de 2018 e a tendência é que em breve o setor venha a se consolidar até mesmo no mercado internacional.
A região de Americana, formada pelos municípios de Americana, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré, é conhecida hoje como o maior polo da indústria têxtil do Brasil. Trata-se também de um dos principais locais em que são produzidas fibras artificiais e sintéticas na América Latina.
Os responsáveis pelo começo dessa grande história são os imigrantes italianos que povoaram a área no século XIX e formaram uma grande classe operária. Em pouco tempo, a tecelagem se tornou a principal atividade econômica da região (posto que predomina até os tempos atuais), junto aos ramos alimentício e químico.
Principais empresas da região
Entre as indústrias têxteis localizadas no polo de Americana, estão:
- Vicunha Têxtil;
- Santista;
- Tabacow;
- Invista;
- Unitika;
- Toyobo.
Representando o setor alimentício e o químico, o local abriga nomes como:
- Del Valle (bebidas);
- White Martins;
- Goodyear;
- Metalúrgica Nova American;
- Ripasa;
- Ficap;
- Nardini;
- Transportadora Americana.
Localização e capacidade
A localização, próxima à capital São Paulo e a regiões de larga produção industrial (como o ABC Paulista), faz com que o polo têxtil de Americana seja um dos mais importantes do país. O investimento de grandes famílias de fazendeiros e cafeicultores nos negócios da região, formando parcerias diversas, é outro ponto que favorece o desenvolvimento local.
Atualmente, a área tem capacidade para produzir quase 150 milhões de metros lineares de tecido por mês, sendo que as indústrias trabalham com tinturarias, estamparias, fiações e tecelagens. As especialidades são as fibras artificiais e sintéticas, usadas prioritariamente na moda feminina e decoração do lar.
A economia do setor têxtil de Americana
Tem havido também uma atração de novas organizações. Isso acontece por meio de cursos de gestão de negócios, aperfeiçoamento e formação de mão de obra na área têxtil — em grande parte das vezes oferecidos pelo Sebrae/SP.
O polo têxtil de Americana tem uma grande importância para a economia brasileira, visto que concentra 32% das empresas têxteis instaladas no país e 27% das voltadas para confecção.
Por meio dessas capacitações, os empresários aprendem a identificar oportunidades de melhorias em seus negócios e planejar o dia a dia nas empresas. Como resultado, é possível perceber o aumento da produtividade e do faturamento, além do desenvolvimento econômico e social das cidades envolvidas, a partir da geração de emprego e renda.
Assim, foi preciso as empresas se reorganizarem, reestruturarem, algumas quebraram, deixaram o mercado e parte dos locais de trabalho foram excluídos. As organizações que continuaram no mercado tiveram que acabar com os desperdícios e procurar pela substituição de tecnologias com a finalidade de conseguir maior eficiência econômica.
É necessário destacar que as estimativas para o ramo têxtil no ano de 2020 é um crescimento de até 2%. E isso vale para o polo de Americana, visto que é uns locais mais importantes para economia do país. Desse modo, é esperado que o setor se desenvolva e novas empresas sejam construídas.
As relações internacionais do local
A China é o maior concorrente ao crescimento do polo têxtil de Americana. O problema não é a competitividade, mas sim a grande carga tributária brasileira. Há também o alto custo da matéria-prima.
Em 2011, no governo Dilma Rousseff, ocorreu a chamada tributação específica, caracterizada pela arrecadação própria de cada setor. A medida tem como objetivo diminuir a tributação para itens de determinados setores em longo prazo.
No caso da indústria têxtil, as alíquotas passaram a ser cobradas por meio do “ad rem”, sendo que há um valor fixo para cada unidade especificada. Alguns exemplos que entram nesse sistema são a engomagem e o tingimento do tecido.
Seguindo a lógica do Ótimo de Pareto, que realiza análises em uma proporção de 80 para 20, o mercado brasileiro deverá ser abastecido por apenas 20% de produtos importados até 2020 (frente aos 80% dos itens nacionais que estão crescendo em exploração).
Mesmo com essas dificuldades, o polo têxtil de Americana tem se destacado como um bom exportador, principalmente de fibras químicas, para a América Latina.
As especialidades e os desafios enfrentados
Além dos tecidos diversos, as principais especialidades do polo têxtil de Americana são as fibras artificiais e sintéticas, também chamadas de fibras químicas. Elas podem ser divididas em têxteis e confecções.
As fibras têxteis abrangem os seguintes materiais:
- fios e linhas de costura: algodão, nylon, lã, carretel, seda e metálicas;
- tecidos: acrílico, couro, elastano, feltro, gaze, lã, malha, moletom, Oxford, pena, poliéster, renda, seda, tricô, veludo, voile, entre outros;
- malhas: marcerizada, fria, penteada e cacharrel.
Já as confecções incluem as alternativas abaixo:
- linha lar: cortinas, lençóis, fronhas, toalhas, tapetes, estofados etc.;
- vestuário: calças, camisas, roupas íntimas e sapatos.
Por fim, os principais desafios do polo têxtil de Americana são manter e possibilitar o crescimento das indústrias após os anos de crise. É preciso buscar por inovações em seus produtos como meio de expandir as vendas não só internas, mas também externas.
Procurar exportar não apenas para a América Latina, mas para países da América do Norte, Europa, África e Ásia, é uma alternativa ao sistema tributário brasileiro. Porém, aumentar a representatividade no exterior com o fortalecimento de laços com membros das relações internacionais é sempre uma boa escolha, seja no que se refere à exportação, seja em termos de créditos.
Portanto, o polo de Americana consiste em um grupo de empresas localizadas na Região Metropolitana de São Paulo. Elas foram as primeiras e principais fábricas de tecido no país, concentrando desde a criação de fios até a confecção de peças. Atualmente, Americana passa por uma consolidação no mercado, visto que às vezes o ramo exige inovações e transformações para melhorar seus processos, logo, a região está se adaptando para conquistar e aumentar o seu público consumidor.
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