Indústria têxtil tailandesa quer algodão brasileiro para crescer mais
Ensaiando uma retomada, no segundo semestre, após se recuperar dos impactos da pandemia de Covid-19 nos anos anteriores, a indústria têxtil da Tailândia tem focado no algodão como principal insumo. E o Brasil figura como um importante player para fornecer um produto de qualidade, rastreável e cultivado de forma responsável.
Essa foi a mensagem central recebida pelo grupo de cotonicultores e exportadores brasileiros durante passagem pelo país, no início de junho. A programação pela Tailândia integra a missão comercial da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), realizada em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Nacional de Exportações de Algodão (Anea) e que incluiu visitas técnicas a indústrias, reuniões com empresários e um evento setorial.
Chamado de “Missão Vendedores”, o intercâmbio começou com uma visita à Thai Rung Textile, maior compradora do algodão brasileiro na Tailândia. Foi a oportunidade para os produtores conhecerem mais sobre o processo fabril da empresa, identificando oportunidades para aperfeiçoar o algodão exportado para os tailandeses.
“Essa busca por melhoria contínua está no sangue da cotonicultura brasileira. A partir da década de 1990, ocorreu uma união maior entre produtores rurais e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), além de outras instituições de pesquisa. O resultado foi um algodão com qualidade superior que hoje abastece boa parte do mundo”, lembrou o presidente da Abrapa, Júlio Busato.
Atualmente, além de ser o quarto maior produtor mundial de pluma, o Brasil é o segundo maior exportador no globo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. “Tecnologia associada a um clima com chuvas regulares e em bom volume nos permite produzir o dobro de pluma na mesma área em comparação com os Estados Unidos, por exemplo”, informa Busato.
A evolução do algodão brasileiro também foi percebida pelo mercado tailandês. Ente os países considerados prioritários pela Abrapa, a Tailândia é oitavo maior importador mundial de algodão, com 130 mil toneladas na safra 2020/21. Desse total, o Brasil respondeu por 16% com o embarque de 21 mil toneladas de pluma.
Para ampliar o market share brasileiro no mercado tailandês, o caminho das pedras foi dado durante a Missão Vendedores. “Basta continuar investindo na melhoria do índice de fibras curtas nas próximas safras e comunicar mais sobre a qualidade do algodão brasileiro”, sugeriu Vitoon Sirikietsoong, um dos industriais que participou do Cotton Brazil Outlook, evento realizado na sexta (10/6), em Bangcoc.
Durante o evento, ficou perceptível para os brasileiros que a indústria têxtil tailandesa vive agora um período de busca por mais eficiência, recuperando-se dos impactos pós-pandemia. O algodão tende a ser favorecido, pois o consumidor sinaliza preferir tecidos com essa fibra natural.
Um dos destaques durante o Cotton Brazil Outlook foi a revelação de que, a partir da próxima safra, o algodão brasileiro terá a certificação oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Dados de origem da amostra e indicadores de qualidade serão certificados pelo governo brasileiro, assim como ocorre nos Estados Unidos”, antecipou o presidente da Abrapa.
Chamou atenção dos participantes o fato de que o algodão brasileiro é o primeiro a ter rastreabilidade de ponta a ponta, opção ainda não existente para os produtos cultivados nos Estados Unidos e Austrália.
A missão comercial da Abrapa, APEX-Brasil e Anea na Ásia integra o programa Cotton Brazil, desenvolvido em parceria entre as três organizações. O objetivo é promover o algodão brasileiro no mercado internacional e desenvolver mercados principalmente na Ásia – região que concentra 99% das exportações brasileiras.
“Atualmente, respondemos por 23% do mercado no ciclo 2020/21 e temos potencial firme de crescimento nos próximos anos. Em nossas missões comerciais verificamos o quanto os países estão abertos a isso”, observou Busato.
A Missão Vendedores segue até amanhã (15) passando por Bangladesh, tendo começado pela Indonésia. Os três países, juntos, representam 21% do total embarcado para a Ásia na safra 2020/21, cerca de 498,5 mil toneladas da fibra. Já no ciclo atual (de agosto/21 a abril/22), respondem por 21% e por um volume embarcado de 313 mil toneladas de algodão brasileiro.